Ama-me de uma só vez,
como as ondas que engolem as marés
e tocam no cume das árvores
onde se pintam girassóis ao meio-dia.
Ama-me,
só pelo prazer de amar,
como se não houvesse salvação
para nós
e os gritos dos náufragos fossem abafados
em ondas de beijos que desaguam
em praias de mármore branco.
Depois,
podíamos morrer ou renascer,
sei lá.
Enlaça-me com ternura,
fecha os olhos aos raios de sol
que saem da minha boca e iluminam os beijos
sôfregos
da magia dos segredos. Deixa-me
descer por desfiladeiros de incertezas,
agarrar levemente as confissões
do teu deserto, ouvir sussurros verdes
enrolados em espasmos que nascem
dos símbolos gravados no meu peito.
Espalha a neblina que paira no ar,
corta-a com a língua,
grita como um mercenário
que atalha terreno na conquista de um país estrangeiro.
Faz do amor as tuas garras,
asas de condor
que enlaçam o meu corpo na subida à montanha
onde é permitido explodir estrelas.
Dá saltos no tempo, pinta os sinais
com cores violentas.
Amarelo, vermelho, azul, laranja.
Desliza com as tuas mãos,
pelos caprichos das emoções. Junta
os dois extremos do meu corpo,
ata-os com fios de seda
acalentados por uma luz suave
que desenha madrugadas claras
por detrás de um sol poente.
Faz desta obsessão,
o barulho do mar.
Deixa-o trepar através do silêncio das rochas,
junta-lhe um palco de emoções controversas,
algum abandono religioso e
embala as pausas do amor nas suas próprias palavras
enquanto me sussurras,
um lago de águas calmas
com gestos,
anatomicamente doces.
CRV©Jan2010
Sem comentários:
Enviar um comentário