07 janeiro 2011

Disparo


Dobrei-me
com  o disparo de uma bala
projectada pela tua língua,
resultado de um beijo
que me envolveu
numa mortalha de folhas secas.

Caí no chão, desamparada,
a navegar por detrás
dos teus  medos e rancores,
a visitar salões de solidão
incendiados por sonhos
e fantasias sem cor.

Há um fio de conflito
que nos une. Somos
opostos do mesmo eixo onde
facas, lâminas, espadas,
garras, armas, sangue
e lágrimas, correm num desejo
que provoca o movimento
das estátuas para além do brilho que
queima os olhos na escuridão.

Os teus beijos rasgam
o céu em direcção a um
mar de sedução que
desliza como a lava de um vulcão
pelas encostas da paixão.

Faço morta a minha
vontade de devorar a noite.
Rio abrupto que atravessa
inteiro o movimento das marés.

Por isso, enrolo-me
em volta do meu corpo,
rasgo o desejo e escondo-o
nas trevas dos sonhos mudos,
deixando a minha interioridade agitada
descansar
sobre a densidade do teu olhar de fogo.
    
CRV©Jan2010

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