Olho para os pulsos e reparo
que as cordas entre a raiz e a flor
desapareceram.
Caíram
num abismo de ferro e fogo
soltando as amarras que prendiam
avessos obscuros,
soprados por um vento quente
que naufragava reflexões.
Desfilamos
frente a espectros sem poros,
sem alma nem dedos,
sem alamedas de fogo,
transportando clamores silenciosos
que embriagaram segredos.
Pintamos de cinzento alguns dias
invertidos por cima de preâmbulos para novas ficções,
com olhos agonizantes,
discursos mudos
e um mar inesgotável
que se espraiava em areias movediças de emoções.
Não sei se por utopia ou desespero
viajamos por cima de um céu de ilusões,
sem linha ou apeadeiro,
silhuetas de dor e de dança,
estação ou destino,
voz de raiva que vem das entranhas,
planalto que atrofia a secura da boca,
palco de declarações controversas,
num frio cauteloso,
que morre ao longo das paredes
e prolonga a cave onde explodem cometas verdes
e as velas amainam furacões.
Por isso,
apagamos agora a luz,
raspamos a pele e lavamos o corpo imundo,
trucidamos as essências da repentina felicidade,
embrulhamos a comédia em sorrisos lentos,
levantamos a mão e colocamos um soft jazz.
Com um sopro,
adocicamos esses instantes de vagas,
transformando-os em bonanças várias,
ardendo incensos em combustão lenta,
junto ao arco onde se desvenda
a tranquila felicidade.
a tranquila felicidade.
CRV©Jan2011
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