Agarrei numa cruz e preguei-me ao chão
para ver se lia a verdade no céu.
Tropeçei em pedras, enquanto cavalos
corriam em redor,
cravando lanças no meu peito.
Fugi,
com um salto para o escuro.
Caí,
sem rede, na procura do reflexo das tuas mãos,
enquanto o meu corpo se desintegrava,
neste sentimento que não é estado de alma
nem ribanceira de emoção.
Sopra um vento agreste
que lança labaredas de segredos,
feitiços e castigos enleados
nas redes da minha reclusão.
Rebentam estrelas dentro de mim.
Desertos de gelo explodem
no interior da terra.
Abrem-se fendas nas rochas
por onde saem palavras
que selecciono com a razão.
Apresso-me a agarra-las.
Algumas fogem-me por entre os dedos.
Remexo as rochas apodrecidas.
Dos meus dedos
pingam gotas escandalosas de sangue
num rasto de morte e de mistérios por descobrir
no silêncio desse lago de sombras
onde se atam segredos e se tapam a boca das marés.
É nesse torpor que se encontra a verdade.
Aquela que se esconde para além do tempo.
Geografia amarga
feita da fúria dos mares
do enredo de demónios e adamastores
gerada na semi-escuridão
dos cumes perdidos,
fustigados
por ondas de amor e solidão.
CRV©Jan2010
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