Encontramo-nos na intersecção das alternativas
nebulosas. Naquele bocado de tempo
que penetra nos espaços vazios,
onde é possível atar ideias,
reflectir a ordem das intimidades
e a verticalidade das figuras estrangeiras.
Quantas paredes tombaram
por implosão do titanismo planetário
que não gerou a semente
que apodrecia suspensa no tempo?
Perdeu-se um sopro maiúsculo na explosão da terra,
naquele lugar insignificante onde as imagens
se cruzam
desencadeando mares azuis,
com apetites combativos,
e os espíritos desafiam
o furor das chamas devoradoras,
atirando-nos corações duros,
onde o sangue jorra de fronte,
ofuscado por paredes inversas,
estalando fissuras amargas,
rasgadas por furacões de pedra.
Observo o espaço circundante.
A soberania da imagem tem um tom azul vigoroso.
Olho as estradas que se levantam.
Tento libertar-me
desta polonização de emoções.
Ramos que se arrastam debaixo do chão,
varrendo um passado que desfila à nossa frente
atirando o futuro
contra um grito surdo
escondido por detrás de outro mundo.
O tempo esvai-se.
Sombras despertam entre os mortos,
envolvidas num fumo que perfura os olhos,
longe de uma semi-razão,
incerteza ou nostalgia de um deserto,
remexendo entre cada braçada
víboras e dragões de nevoeiro incerto,
tornados de uma verdadeira comédia,
incrustada em palavras oucas de pedra
que levantam espinhos e guilhotinas,
enroladas em ciprestes e mortalhas de guerra.
Observo as altas torres que bebem da tranquilidade do espaço.
Olhos baços sem retorno, traídos
por uma chuva silenciosa,
embrulhada
numa metamorfose ensombrada,
em modos de agir à desgarrada,
recusando bonanças várias,
envoltas em faixas de flores,
que desbravam caminhos claros,
longe de perigos,
apesar do cepticismo e das atmosferas irrespiráveis
viajamos agarrados a braseiros divinos
à fala suspensa e aos carinhos,
dum reflexo astronómico,
feito de horizontes tranquilos
e de fogueiras que ardem
por dentro de fortalezas em brasa.
CRV©Jan2011
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