03 novembro 2012

Poesia e Conhecimento

Procuro rever a opacidade das formas
As viagens pelas palavras
Os olhares geográficos
Os percursos escondidos nos trilhos exilados
As caminhadas que iluminam os meus passos
Os golpes agitados que desbastam a temática das canas
Os juncos, as heras e o excitante musgo quente
Frenesim que me leva a colher as bagas maduras
suspensas sobre as falésias do conhecimento

Gosto dos desafios que se acastelam
Desbravar caminho por entre as linhas do pensamento
Derrubar muralhas, saltar pântanos, conquistar penedos
Mas sempre, sempre, com o fito
Nas principais linhas da frente

Observo-as.
Naquela postura geométrica empoleirada
Contorno os nós tresmalhados
A melancolia que ceifa momentos imaginados
Os passos lentos em redor da exaltação fugaz
as nuvens tempestuosas, os silêncios combativos,
a procissão que transporta as vagas ardentes
a festa onde se acaricia a refracção dos corpos
a névoa, a luz, as pedras e um punhado de emoções,
com todos os vagarosos frémitos
exorcisados pela mente

Liberta a alma
deixa-a correr por montes e vales,
contornando as metáforas que se insinuam
Sentinelas inquietas aguardam
pelo bater das pedras até jorrarem água
vagas lentas que nos assaltam
com uma descomunal envergadura de asas
onde um pássaro feliz
monta a árvore das palavras
ou se aninha,
numa recôndida expressão subjectiva desta arte,
fiel depositário, 
de uma longa epifania de liberdade.

CRV©2012

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