Afago ao de leve as espigas intranquilas
bagos ásperos, pungentes de vida
que se dobram pela cinta languida
numa saudação ao sabor do sol quente.
bagos ásperos, pungentes de vida
que se dobram pela cinta languida
numa saudação ao sabor do sol quente.
Sinto sussurrarem melodias urdidas
por entre as giestas agrestes,
o tomilho e os trevos frescos
compondo elipses nos meus dedos
como caravelas antigas que navegam
transpondo os apetites do vento.
Percorro o campo de espigas macias!
por entre as giestas agrestes,
o tomilho e os trevos frescos
compondo elipses nos meus dedos
como caravelas antigas que navegam
transpondo os apetites do vento.
Percorro o campo de espigas macias!
Dispo o halo das sementes tenras
ornatos insignes tornados átomos enlouquecidos
naquelas tardes em que o calor prepara as safras
e o peso da respiração ouve-se rebuscado
cerzindo incentivos cúmplices
com todas as florestas de factos e luzes
construíndo sob a forma de arcos
palavras libertadoras represtinadas
disparadas como flechas encantadas
por uma hipérbole subtilmente disfarçada
nas harmoniosas pregas do vento.
Junto à Cerca
corre o riacho a céu aberto
numa suave hegemonia imaginária
ladeado por velhos choupos-negros,
carvalhos agigantados e castanheiros espinhados
suporte biótico de uma comunidade adaptada
resistente aos caudais intermitentes e torrenciais
camuflada por giestas, tojos e fetos,
repleta de sapos, rãs, cavalinhos e insectos anelídeos
habitantes que remontam a eras ancestrais
de um esquecido período Cambriano.
Em redor, o contorno dos montes ébrios
como se os braços do mundo
apertassem a parte convexa da terra
elevando-a contra o azul do céu
criando recortes serenos, tingidos a negro
onde prevalecem os basaltos imponentes,
a geometria das escarpas plenas,
os bosques ribeirinhos em galeria
emoldurados por ulmeiros, freixos e sabugueiros,
pequenos cursos de água que se encondem
CRV©2013
ornatos insignes tornados átomos enlouquecidos
naquelas tardes em que o calor prepara as safras
e o peso da respiração ouve-se rebuscado
cerzindo incentivos cúmplices
com todas as florestas de factos e luzes
construíndo sob a forma de arcos
palavras libertadoras represtinadas
disparadas como flechas encantadas
por uma hipérbole subtilmente disfarçada
nas harmoniosas pregas do vento.
Junto à Cerca
corre o riacho a céu aberto
numa suave hegemonia imaginária
ladeado por velhos choupos-negros,
carvalhos agigantados e castanheiros espinhados
suporte biótico de uma comunidade adaptada
resistente aos caudais intermitentes e torrenciais
camuflada por giestas, tojos e fetos,
repleta de sapos, rãs, cavalinhos e insectos anelídeos
habitantes que remontam a eras ancestrais
de um esquecido período Cambriano.
Em redor, o contorno dos montes ébrios
como se os braços do mundo
apertassem a parte convexa da terra
elevando-a contra o azul do céu
criando recortes serenos, tingidos a negro
onde prevalecem os basaltos imponentes,
a geometria das escarpas plenas,
os bosques ribeirinhos em galeria
emoldurados por ulmeiros, freixos e sabugueiros,
pequenos cursos de água que se encondem
entre juncos, zimbros e canas,
sanguinhos-de-água doce, tamujal dos leitos e urze branca
tolerantes à complacente agitação das águas
que desce em torrente
por entre desfiladeiros suspensos
presos por pedras, heras, musgos e restos de névoa
sanguinhos-de-água doce, tamujal dos leitos e urze branca
tolerantes à complacente agitação das águas
que desce em torrente
por entre desfiladeiros suspensos
presos por pedras, heras, musgos e restos de névoa
cravada entre pinheiros bravos com frondosas copas verdes
sulcando por veredas contrárias
ao contingente coração da serra
rumo à latitude da abstracção
dos eternos oceanos libertadores
dos eternos oceanos libertadores
da água pura das nascentes.
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