05 janeiro 2015

Sete Monstros Densos

Convergem dos cantos feitos em esgares de alvorada
sete monstros densos elevam-se da penumbra anacrónica das formas pardas,
ganham corpo,
cérebros dantescos,
como escolhos à superfície batidos por vagas alteradas
com limos em lugar de braços e pernas
desenhando estradas no céu como os cometas de passagem
congeminando piano sobre o transporte dos óbolos
se na língua se nos olhos
qual a passagem
se deverão seguir de frente para a luz
se às arrecuas
com o séquito que prístina todas as misantropias esquivas
em direcção ao degredo axiométrico da morte.

Passo a mão por essas convulsões sensoriais
aliso todos os silogismos crepusculares
exortando interioridades agitadas,
plenas e capazes,
o vento que converge para todas as zonas concêntricas,
para os istmos de terra e para os enclaves fechados
para a ripária de todas as tempestades
e procuro fazer do pensamento uma rocha,
dessa rocha uma escultura vagarosa
talhada com pontos vorazes
buracos negros, tornados em cascata
e uma ocasional rajada de vento
imprimindo-lhe um dialecto branco,
pessoal,
sem mordaças, sem excêntricas máscaras,
livre,
em crescendo à parte, em fragor divino
dando-lhe o ardor, a inflamação, o sopro, o rumo,
o destino
o vaguear inerente ao prazer cálido de os ver andar
sem pressas, 
lentamente,
depurados de partículas dementes
dos desdouros agrestes
das estrelas cadentes que fulminam a sede
numa alvorada que desfaz a inércia
as quedas, os fracassos e os abandonos
tornando-se pensamento em movimento
fraga ao vento
equinócio, tempestade e furacão
a irromper por entre os meus dedos
em lassidão
depositando em baixo-relevo
todas as exortações que florescem
em montículos de luz
em epigramas soltos ondulados ao vento
sopro de todas as vontades,
claras e transparentes.

CRV©2015

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