01 novembro 2015

A Ilha

Vivia emparedado no silêncio dos ecos mudos
com ricochetes embaraçados em mate biselado
correndo todos os reflexos dos cimos a baixo
desenhando elipses em tons rubros encantados
imagens aladas
parábolas hagiograficamente imaginadas
cravadas na triunfante simbologia das frestas do céu.

Procurava no ponto frágil transbordante das palavras
a latitude da paz desejada
longe do mundo,
longe de tudo,
longe do tempo,
longe do peso crepuscular das silhuetas dantescas

       (espectros com mantos apocalípticos
        em asfixia densa)

obliterando o terreno dos ruídos persistentes

       (as sombras inúteis que envolvem as orlas incontinentes
        os furacões infinitos onde rodopiam ventos quentes 
        os espíritos que inalam o furor das chamas aos gritos)

carregando o espaço com uma espiritualidade urgente
mergulhada num introspectivo silêncio indulgente
conquistado ao firmamento
sem mordaça, sem negrume
com halos multiformes
e luzes a arfar em opacidade demente
estrelas a esmo cultivadas
com dedos plenos depurados
em elipses de linguagem semântica
seiva da alma intrincada
a três dimensões arquitectada
debruçada sobre falésias
onde ressoam tambores sincopados
que explodem
em sublimes aguarelas metafísicas.

CRV©2015

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