Cuida da tua casa de pedra
das sombras apolíneas que a envolvem também
deixa-as preencher o espaço introspectivo das palavras
Pouco importa aquele que te arremessa pedras
o vento tratará de lhe oscilar a mão
esculpindo arcos frustrados no tempo
Enaltece o poder das pedras
como Albertus Magnus profetizou
são intrínsecos os elementos secretos sem nome
A distância entre a pedra oca e a tua consciência
deve ser medida
com o metro do desprezo agreste
A pedra onde jaz a água benta
enche-se de preces de bem aventurança
em busca do halo cativo nas trevas
Mantém o teu corpo de pedra
a leveza da tua imaginação
rasga o céu com a volúpia do voo
Caminha sobre as pedras sem hesitar
o beduíno errante
também costuma caminhar sobre o fogo
Juntarei todas as pedras delapidadas
de cada uma farei um poema
uma dissertação sobre a intensidade do fogo
Voltas ciclicamente para arremessar pedras
o jogo do medo
obriga-te a matar a sombra do teu desespero
Indiferente às pedras do caminho
percorro o deserto fustigado
antecipando o encontro de uma flor
As pedras arremessadas são migalhas
vê a luta que te corre nas veias
observa o peito que se rasga de dor
Apanhei todas as pedras arremessadas
liguei-as numa meda apertada
desintegraram-se quando lhes murmurei palavras de amor
CRV©2018
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